Petroleiros do Paraná ocupam fábrica contra demissões arbitrárias
PACTU
O protesto ocorre depois que a Petrobrás, sob a gestão do governo Bolsonaro, decidiu arbitrariamente fechar a fábrica e demitir 1000 trabalhadores e trabalhadoras que trabalham no local.
Petroleiros e petroleiras ocuparam a Araucária Nitrogenados (ANSA), também conhecida como Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR), do sistema Petrobras, na manhã desta terça-feira (21) para impedir a demissão de mil trabalhadores e o fechamento da unidade, anunciado pela direção da empresa no início deste mês.
Segundo informações de dirigentes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindiquimica-PR, os Petroleiros ocuparam o local de trabalho para impedir o esvaziamento da fábrica e seu completo fechamento.
FUP marca greve contra fechamento
Reunido no Paraná no dia 17 de janeiro, o Conselho Deliberativo da FUP aprovou por unanimidade indicativo de greve por tempo indeterminado, a partir do dia primeiro de fevereiro, em todo o Sistema Petrobrás, contra as demissões na Fafen-PR e as imposições da gestão da empresa, que ataca deliberadamente os direitos dos trabalhadores, se negando a negociar questões previstas no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
As assembleias para que os petroleiros e petroleiras se posicionem sobre o indicativo de greve serão realizadas entre os dias 20 e 28 de janeiro. No dia 29, a FUP e seus sindicatos voltam a se reunir no Conselho Deliberativo para definir os próximos encaminhamentos.
Até lá, a FUP e o Sindiquímica-PR darão sequência às ações políticas e legais, para garantir os direitos dos trabalhadores da Fafen-PR e impedir a demissão em massa.
Entenda a luta dos petroleiros
No dia 14 de janeiro deste ano, a direção da ANSA/Fafen-PR se reuniu com representantes da FUP, da CUT e do Sindiquímica-PR e afirmou que o processo de demissão dos mil trabalhadores – 396 empregados diretamente pela companhia e 600 terceirizados - começaria em 30 dias e levaria até 90 dias para ser concluído.
Ainda de acordo com a FUP, a gestão da Petrobrás está negociando a venda da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e da Usina do Xisto (SIX), ambas no polo de Araucária, no Paraná, onde fica a Fafen.
As duas unidades integram o pacote de oito refinarias, com suas redes de dutos e terminais, que a direção da estatal pretende privatizar.
Impactos das demissões
Os impactos gerados pelas demissões, não se limitam as famílias dos trabalhadores e trabalhadoras que ficarão desempregados. A população de Araucária também sentirá as consequências deste desrespeito aos trabalhadores, pois afeta a qualidade dos serviços públicos prestados a população, como saúde, educação, obras e segurança.
De acordo com o Sindiquímica, a folha dos trabalhadores diretos, é de aproximadamente R$ 10 milhões, deste total 50% ficam no município. A Ansa/Fafen-PR garante arrecadação de R$ 200 mil mensais para Araucária.
Segundo o presidente do Sindipetro-PR/SC, Mário Dal Zot, a gestão da Petrobrás faz uma manobra contábil para tentar justificar o fechamento da Fafen.
“A empresa mente descaradamente ao afirmar que a Fafen dá prejuízo. Isso não acontece em hipótese alguma, pois a fábrica utiliza como matéria prima o RASF, um refugo da Repar (refinaria da Petrobrás em Araucária), ao qual agrega valor, transformando em ureia, um fertilizante do qual o Brasil é extremamente dependente”, explica.
Inaugurada em 1982, a Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) tem capacidade de produção diária de 1.975 toneladas de ureia, 1.303 toneladas de amônia e 450 metros cúbicos de ARLA 32. A planta produz ainda 200 toneladas por dia de CO2, além de 75 toneladas de carbono peletizado e seis toneladas de enxofre.
Com o fechamento da fábrica, o Brasil terá que importar 100% dos fertilizantes nitrogenados que consome. Além disso, o país ficará dependente da importação de ARLA 32, reagente químico usado para reduzir a poluição ambiental produzida por veículos automotores pesados.
O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e, com o desmonte da Petrobrás, tornou-se ainda mais dependente das importações, o que compromete a soberania alimentar. O país importa mais de 75% dos insumos nitrogenados, na direção contrária de outras grandes nações agrícolas, cujos mercados de fertilizantes estão em expansão.
Com informações de Tadeu Porto, dirigente da FUP e colaborador do blog 'O Cafezinho'.
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