País vive dia de caos com atos de Bolsonaro e pandemia de coronavírus

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País vive dia de caos com atos de Bolsonaro e pandemia de coronavírus
Em reunião por videoconferência com ministros de Estado e empresários, Bolsonaro disse que "a economia não pode parar"

Trending topics do Twitter registrou durante o dia inteiro a liderança da hashtag #BolsonaroGenocida após presidente publicar “MP da morte” e voltar atrás

São Paulo – Após mais um dia política e economicamente caótico, o presidente Jair Bolsonaro anunciou na tarde desta segunda-feira (23) R$ 88 bilhões a estados e municípios no combate ao coronavírus. A decisão foi anunciada pouco antes de o chefe do governo se reunir, por teleconferência, com governadores do Norte e Nordeste do país, poucas horas depois de decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar que o governo federal suspenda os cortes no programa Bolsa Família no Nordeste brasileiro.

O governo anunciou a transferência de R$ 88 bilhões para os fundos de saúde estaduais e municipais, por meio de duas medidas provisórias, que destinarão verbas para os Fundos do Participação dos Estados (FPE) e Fundos de Participação dos Municípios (FPM), orçamento assistencial, suspensão de parte das dívidas dos estados e créditos.

No país, o trending topics do Twitter registrou durante o dia inteiro a liderança da hashtag #BolsonaroGenocida. Isso ocorreu depois que o presidente publicou a Medida Provisória (MP) 927/2020, que permitia às empresas suspender o contrato de trabalho de seus funcionários por até quatro meses, sem remuneração. Em seguida, ele voltou atrás, revogando o artigo 18, que abria essa possibilidade.

Após a reunião à tarde, Bolsonaro falou por cerca de um minuto e disse que os governadores do Norte e Nordeste “estão muito felizes”. Porém, menos de 24 horas antes, em entrevista à TV Record, no domingo (22), o presidente culpou os chefes de executivo estaduais pelo desemprego causado pela pandemia. Segundo ele, “os governadores são verdadeiros exterminadores de emprego”.

Acrescentou que “essa é uma crise muito pior do que o próprio coronavírus vem causado no Brasil e pode causar ainda”. E ainda afirmou que “brevemente o povo saberá que foi enganado por esses governadores”. Ele voltou a minimizar a pandemia. “Eu tô achando que há um exagero nisso aí”, afirmou.

O caos econômico se somou à confusão política nesta segunda-feira. A bolsa de valores (Bovespa) registrou grande queda de 5,22%, e voltou ao menor nível desde 2017. O dólar subiu 2,21%, a R$ 5,138.

De acordo com o banco americano Goldman Sachs, a bolsa brasileira sofreu o maior impacto negativo com o coronavírus entre os mercados no mundo, com queda de 52% (calculado em dólar), em relação a janeiro. Segundo o site Infomoney, é o pior “mercado de baixa” desde a grande crise financeira de 2008, na avaliação do Goldman Sachs.

De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), “550 shoppings do Brasil já foram afetados pelos decretos municipais e estaduais que recomendam o fechamento dos estabelecimentos”. O número representa 95% do total de shoppings no país.

Em reunião por videoconferência com ministros de Estado e empresários, Bolsonaro disse que “a economia não pode parar”.

Mais um recuo

Após o recuo de Bolsonaro, com a revogação do dispositivo que permitia a suspensão do contrato de trabalho, a repercussão da hashtag #BolsonaroGenocida nas redes sociais continuou. “Bolsonaro recuou de parte da MP 927 que abandona os trabalhadores, a MP da morte”, disse o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). Segundo ele, a medida tem que ser devolvida ao governo, na íntegra, pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP), por ser inconstitucional.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a dizer que o artigo 18 da MP 927 foi um “erro de redação”, o que sugere ou que o governo está perdido, ou usa situações como essa como balões de ensaio.

“É patético Guedes dizer que o corte dos salários por quatro meses foi um erro de redação na MP. Dá a medida da desonestidade desse governo. É imoral”, escreveu o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ).

Professor de história, o ex-deputado do Rio de Janeiro pelo Psol Chico Alencar publicou no Twitter: “Bolsonaro joga a bomba. Se colar, ok! Se não colar, ele recua e revoga”. Segundo Alencar, a estratégia “é gerar o caos, confundir e chocar para testar os limites da democracia e alargar a tolerância da sociedade às suas medidas autoritárias, absurdas e de vilania”.

Paulo Guedes afirmou que “houve um erro na redação da MP”, complementando: “O que se queria era evitar as demissões em massa, dando alguma flexibilidade de salário, mas com o governo complementando, como está sendo feito em várias economias”.

No Brasil, o mais recente balanço da pandemia divulgado na tarde desta segunda, mostra que o número de casos de coronavírus chegou a 1.891, com 34 mortes. O número de casos aumentou 342% em cinco dias.

Segundo estimativa do Centro para Modelagem Matemática de Doenças Infecciosas da London School of Tropical Medicine, do Reino Unido, divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Brasil teria hoje mais de 15 mil casos do coronavírus, bem mais do que os notificados oficialmente, o que indica que os casos diagnosticados seriam de 11% apenas. Segundo especialistas, isso acontece porque perto de 80% dos casos são assintomáticos ou têm sintomas leves.

Fonte: RBA-Rede Brasil Atual

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