Brasil ultrapassa 30 mil mortes por Covid-19 e o pior ainda está por vir, diz OMS
PACTU
O Brasil é o quarto país com mais vítimas fatais da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, e, em um mês, foi quase cinco vezes maior o total de pessoas mortas ou contaminadas em todo o país. E o pior ainda está por vir, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). O país ainda não atingiu o pico da doença, afirmam técnicos da entidade.
Com 623 novas mortes registradas entre domingo (31) e segunda-feira (1°), o número de vítimas fatais e de casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) no Brasil cresceu quase cinco vezes em um mês: em 1º de maio, o total era de 6.329. Nesta segunda-feira (1°), já são 29.937, segundo dados do Ministério da Saúde. Em número de mortes, o país só perde para os Estados Unidos (105.147), Reino Unido (39.127) e Itália (33.475).
O número de casos confirmados da doença também cresceu no Brasil, mais de cinco vezes no mesmo período. Passou de 91.589 em 1° de Maio para 526.447 em 1° de junho.
Levantamento do G1 junto a secretarias estaduais de Saúde, feito horas depois da coletiva do Ministério da Saúde, mostrou números ainda maiores: 30.046 mortes provocadas pela Covid-19.
O pior ainda está por vir
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ainda não atingiu o pico da doença, apesar de vários governadores, inclusive de estados que lideram em número de casos confirmados e mortes, estarem reabrindo o comércio esta semana, flexibilizando o isolamento social, única forma de conter a disseminação da Covid-19, já que não existe vacina nem medicamento contra o novo coronavírus.
De acordo com o chefe de operações de emergências da OMS, Michel Ryan, não há ainda como prever quando a América do Sul atingirá o pico de transmissão do coronavírus. Ele disse também que dos dez locais com maior transmissão no mundo, cinco estão nas Américas. O Brasil está liderando. "Os maiores aumentos vemos no Brasil, Colômbia, Chile, Peru, México, Haiti, Argentina e Bolívia", disse Ryan.
São Paulo
O estado de São Paulo, epicentro da pandemia do novo coronavírus no país, totalizou nesta segunda-feira (1°) 7.667 pessoas mortas pela Covid/19 e 111.296 contaminadas pela doença desde o início da pandemia.
O estado tem 12.920 pacientes internados - 7.777 em enfermaria e 4.681 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Outros 21.470 tiveram alta.
A taxa de ocupação de leitos de UTI no estado caiu de 71,6% para 69,3%. Na Grande São Paulo, o número foi de 84,7% para 83,2%, segundo a secretaria estadual.
A redução da ocupação de leitos de UTI, um dos critérios pelo governador João Doria (PSDB) para iniciar a reabertura do comércio parece até irreal quando se analisa os números de pessoas doentes levando em consideração os bairros onde moram, especialmente na capital.
Enquanto a doença parece controlada nos bairros mais ricos da capital paulista, nas periferias a Covid-19 se alastra. Os 20 distritos mais pobres de São Paulo registraram crescimento de 348% nas mortes Poe Covid-19 entre 17 de abril e 27 de maio: de 474 para 2.127 óbitos. Este número representa 28,4% do total de mortes registradas na cidade no período, segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde obtidos pela RBA.
Dados da Secretária Estadual de Saúde de São Paulo mostram que, desde que Doria anunciou o plano de reabertura, na última quarta-feira (27), já foram registrados 25.270 novos casos e 739 óbitos pela doença no estado, como mostrou reportagem do BdF.
Rio de Janeiro
Segundo mais afetado em número de casos e mortes, o Rio, que também se prepara para reabrir o comércio, registrou ontem 5.462 óbitos e 54.530 casos confirmados. Um total de 40.335 pacientes se recuperaram da doença.
O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) inicia nesta terça-feira (2) seu plano de flexibilização gradual da quarentena, liberando atividades em igrejas e na orla - será permitido mergulhar e nadar, mas não ficar na areia. De acordo com o prefeito, a reabertura das atividades econômicas será dividida em seis etapas "lentas, graduais e com segurança". Ele diz que o município não registra filas por leitos em UTIs destinados à Covid-19 neste momento - apesar dos recordes de mortes pelo coronavírus no estado.
Ceará
Terceiro estado mais afetado pela doença, o Ceará registrou 50.504 casos confirmados e 3.188 mortes e o governador Camilo Santana (PT) também inicia nesta terça a reabertura das atividades econômicas do estado. Como nos outros casos, ele diz que será gradual e dividida em fases.
Pernambuco
Com 35.508 pessoas contaminadas e 2.933 mortas pela Covid-19, Pernambuco também inicia a flexibilização do isolamento social, após 15 dias de quarentena rígida contra o novo coronavírus, com restrição de circulação de carros e de pessoas no Recife e quatro cidades da região metropolitana.
O governador Paulo Câmara (PSB) anunciou a retomada gradual das atividades econômicas a partir do dia 8 de junho, quando estarão liberadas atividades como construção civil, desde que funcionem com 50% da carga de trabalhadores, e o comércio atacadista, das 9h às 18h. Segundo o governador, o protocolo de distanciamento social, higiene e monitoramento deve ser cumprido. Praias, parques e calçadões permanecem fechados.
Amazonas
O Amazonas, primeiro estado brasileiro onde a saúde entrou em colapso e doentes ficaram nos corredores dos hospitais ou nem conseguiram ser atendidos, registra 41.774 casos confirmados de Covid-19 e 2.071 mortes, segundo boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). Outras 5.783 pessoas com diagnóstico de Covid-19 estão em isolamento social ou domiciliar e 33.443 se recuperaram da doença..
Apesar da média histórica e assustadora de mortes na capital, no segundo dia de reabertura parcial do comércio não essencial, centenas de pessoas foram as ruas, algumas sem máscaras em meio a aglomeração.
Mas, o governador do Amazonas, Wilson Miranda Lima (PSC), informou que decretou a reabertura, que teve início nesta segunda-feira (1º), após o comitê de crise observar redução no avanço da Covid-19 no estado.
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