Auxílio emergencial só na Caixa sobrecarrega empregados e amplia risco de contágio
PACTU
Banco retoma pagamento de nova parcela do Auxílio Emergencial a cerca de 5,8 milhões de trabalhadores. Para Rita Serrano, importância do banco público está demonstrada, mas é preciso descentralizar as tarefas
São Paulo – A representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal (Caixa), Maria Rita Serrano, afirma que a política do governo Bolsonaro de centralizar os pagamentos do auxílio emergencial naquele banco público sobrecarrega e coloca em risco os bancários e terceirizados que prestam serviço à instituição. “Neste momento de pandemia, com risco de contágio, centralizar os pagamentos em uma única instituição é temerário. Os empregados estão em situação grave, inclusive trabalhando aos sábados. O gerente geral não tem direito a hora extra”, diz Rita.
A Caixa retomou, nesta quarta-feira (29), o pagamento de nova parcela do Auxílio Emergencial a cerca de 5,8 milhões de trabalhadores. O total envolve 2,5 milhões de pessoas que recebem a quarta parcela, 800 mil pessoas da terceira parcela, 500 mil da segunda, 62 mil que recebem a primeira e 1,9 milhão vinculadas ao Bolsa Família. Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, em entrevista coletiva, são 65,4 milhões os beneficiários do programa, somando um total de R$ 140,3 bilhões em pagamentos. O total de pagamentos é de 199,8 milhões.
“Muita gente acha que o funcionário só atende auxílio emergencial, mas o banco exige uma série de metas, como venda de produtos, financiamento etc. Os funcionários estão profundamente sobrecarregados, com medo de contágio”, completa a conselheira.
Descentralizar
Na opinião de Rita, uma alternativa seria descentralizar os pagamentos entre os bancos federais e distribuir entre os bancos estatais. Além da própria Caixa, para o Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia, por exemplo, diminuindo pressão e riscos de contágio aos empregados e os problemas à população que podem ser causados pelas aglomerações.
A movimentação em torno da Caixa em meio ao pagamento do auxilio emergencial, do FGTS e ainda o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e Renda, um complemento do salário dos trabalhadores, gira em torno de 121 milhões de pessoas passando pelo banco federal. Em outras palavras, mais da metade da população brasileira está passando pela Caixa no momento”, observa a conselheira.
Rita afirma que isso demonstra a importância do banco público num momento da grave crise econômica, social e sanitária pela qual passam o Brasil e o mundo. “A Caixa tem expertise e capilaridade para fazer o atendimento, é a maior gestora de programas sociais.”
Para conseguir suprir essa demanda de tempos de pandemia, a Caixa criou poupança digital e aplicativos (Caixa Tem), o que é um mérito, observa Rita. Mas a instituição poderia conseguir melhores resultados, prossegue, além de poupar seus funcionários do esgotamento e minimizar riscos de contágio de funcionários e beneficiários.Bastaria o governo federal emitir dinheiro, o que muitos países estão fazendo na atual crise. Tal medida não é prevista pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
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Cadê o papel moeda?
Com mais papel moeda em circulação, muitos dos problemas de filas e aglomerações seriam reduzidos. A não ser os beneficiários do Bolsa Família, o pagamento desta quarta-feira, por exemplo, foi liberado para movimentações digitais, mas os saques em dinheiro, para os aniversariantes de março, poderão ser feitos só no próximo sábado (1º de agosto).
Segundo o presidente da Caixa, a previsão de pagamento dos que tiveram cadastros aprovados, mas estavam em “contestação” pela Dataprev, devem aguardar o calendário, de responsabilidade do Ministério da Cidadania, chefiado por Onyx Lorenzoni. São cerca de 800 mil pessoas.
“A Caixa paga a partir da publicação do calendário. Deve ser divulgado pelo ministério até o final da semana. Em acontecendo isso, começaremos (o pagamento) no meio da semana que vem”, disse Pedro Guimarães.
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