Trabalhadores dos bancos, Petrobras e Correios lutam por reajustes e emprego

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Trabalhadores dos bancos, Petrobras e Correios lutam por reajustes e emprego

Sindicalistas enfrentam duras negociações, combatem fortemente propostas de retirada de direitos e até de reajuste zero

As grandes empresas, os bancos e estatais como a Petrobras e os Correios, apesar dos lucros, tentam colocar nas costas do trabalhador e da trabalhadora a conta pela crise econômica que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) e o mercado financeiro não conseguem resolver endurecendo as negociações nas campanhas salariais propondo o corte de dezenas de benefícios conquistados, reajuste zero, ameaças de privatizações e demissões.
 
Do outro lado da mesa de negociação, os representantes dessas grandes instituições encontram uma bancada de sindicalistas extremamente preparada para os embates e, se preciso for, paralisar as atividades das maiores empresas e bancos do país para impedir demissões, cortes de direitos e conquistar aumento real de salário.

A campanha salarial dos Correios é uma das primeiras que pode levar a categoria à greve para garantir os direitos conquistados e os empregos.

Os petroleiros ainda não discutiram paralisação mas a luta contra o reajuste zero proposto pela Petrobras e as tentativas de acabar com direitos vão ter resposta a altura. No ano passado a categoria fez uma grande greve contra descumprimento do acordo coletivo, como demissões em massa decorrentes do programa de demissão voluntária e privatização de subsidiárias, insegurança nas plataformas por conta da redução das equipes e também o alinhamento dos preços dos combustíveis ao mercado internacional e dólar.

Os bancários conseguiram impedir demissões durante a pandemia do novo coronavírus e agora lutam novamente pela manutenção do emprego, aumento real e melhores condições de trabalho.

Confira como estão as negociações dessas três categorias:

Negociação com os Correios

Contra a privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e por melhorias nas condições de trabalho, os trabalhadores da estatal estão lutando há há alguns meses, e nesta segunda-feira (17), realizam assembleia-geral para decidir pela deflagração da greve nacional a partir da zero hora do dia 18 de agosto. 

A greve é motivada pelo descaso da direção da empresa que simplesmente se recusa a negociar e retirou 70 das 79 clausulas protetivas dos trabalhadores.

“As negociações começaram em julho e a nossa data-base é 1º de agosto, mas a nossa luta vem desde o ano passado quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli , aceitou uma ação da direção dos Correios impedindo a renovação por dois anos de uma sentença do TST [Tribunal Superior do Trabalho] favorável aos trabalhadores”, conta Amanda Corsino, Secretária da Mulher da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect).

Segundo a dirigente nesta sexta (14) começou no STF o julgamento da decisão de Tofolli , por isso a categoria está alerta e pede pela ajuda de todos os trabalhadores.

“Várias categorias estão próximas as suas data-base, mas a nossa será a primeira a sair em greve. Por isso, é importante ter o apoio das demais entidades. Se formos bem sucedidos e mantivermos nossos direitos , impulsionará as demais categorias à luta. Se não formos bem sucedidos pode intimidar os demais trabalhadores que passarão pelo mesmo processo”, alerta Corsino, que também é presidenta do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Distrito Federal e em torno (SINTECT/DF).

Negociação com a Petrobras

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) também enfrenta uma dura negociação com a Petrobras. A atual gestão da petroleira quer zerar o reajuste dos trabalhadores na data-base (1º de setembro ), além de rebaixar direitos que estão em cláusulas referentes a adicional, horas extras, estabilidade no emprego e regulamentação do teletrabalho.

A categoria defende que o atual acordo seja prorrogado até 31 de dezembro, data que termina o estado de calamidade pública decretado em função da pandemia do novo coronavírus e depois renovado por mais dois anos.

Os petroleiros reivindicam um reajuste salarial com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede o índice oficial da inflação no país, estimado até a data base em 2,3%, mais aumento real de 2,2%, para recompor as perdas inflação de 2016 a 2019.

“Mesmo com as tentativas da gestão bolsonarista do atual presidente da Petrobras, Castelo Branco, de congelamento salarial, redução de direitos e ataque à organização sindical, os trabalhadores não se curvarão. As assembleias têm rejeitado as propostas da empresa em todas as bases por quase unanimidade”, afirma Tezeu Bezerra, coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro/NF).

Num momento de pandemia em que mais os trabalhadores e aposentados precisam de assistência médica, a direção da Petrobras propõe ainda que os trabalhadores paguem mais pelo plano de saúde. A ideia dos gestores da empresa é entregar a Assistência Multidisciplinar de Saúde (AMS) para uma associação privada e ao mesmo tempo, aumentar de 30% para 40% a participação dos petroleiros no custeio médio. O aumento para os beneficiários pode ficar em 143% e chegar a 1.422% em alguns casos, penalizando os menores salários e a maiores faixas de idade, denuncia a FUP.paulo guedes

Os petroleiros estão realizando assembleias que vão até está segunda-feira (17). Ainda falta a decisão dos  trabalhadores do Norte Fluminense, Caxias ( ambos no Rio de Janeiro), Rio Grande do Sul, Amazonas e Ro Grande do Norte.

Até agora deliberaram contra a proposta da empresa os trabalhadores das bases dos estados de Pernambuco, Ceará, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo.

Negociação com os bancos

Os representantes dos bancários, tanto dos bancos privados como públicos, conquistaram no início da pandemia, a interrupção das demissões nas instituições.

Houve uma redução de 58% dos desligamentos em abril e maio, em relação ao primeiro trimestre do ano, mas mesmo assim os bancos demitiram, principalmente o Santander que, no segundo trimestre deste ano, em plena pandemia, registrou o corte de 844 postos de trabalho. 

Agora, a luta é garantir empregos, direitos s reajuste salarial na dura campanha da categoria.

“Nossa reivindicação é pela manutenção do emprego, aumento real e melhores condições de trabalho", diz Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

Bancos têm lucros bilionários  

Apesar do lucro dos maiores bancos brasileiros (somente o primeiro trimestre de 2020 somou R$ 18 bilhões), entre janeiro de 2013 e dezembro de 2019 houve redução de 70 mil postos de trabalho no país. Os cinco principais bancos fecharam 11,5 mil postos de trabalho em apenas 12 meses (período entre o primeiro trimestre de 2019 e o primeiro trimestre de 2020).

"Embora seja o setor mais rentável da economia, os bancos dão um péssimo exemplo para o país ao cortarem postos de trabalho", diz Ivone.

O Comando Nacional dos Bancários já realizou cinco rodadas de negociações virtuais sobre teletrabalho, emprego, saúde e condições de trabalho, igualdade e cláusulas sociais e econômicas.

A próximas rodada com tema a ser definido está marcada para o próximo dia 18 (terça) entre 11h e13h.

Nos dias 20, 21, 25, 26, 27 e 28 de agosto serão discutidos pontos pendentes das mesas anteriores.

Fonte: CUT

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