Santander se nega a negociar mais contratações, fim da rotatividade e PCS

Santander se nega a negociar mais contratações, fim da rotatividade e PCS
O Santander se recusou nesta quinta-feira (22) a negociar emprego, fim da rotatividade e Plano de Cargos e Salários (PCS), durante reunião do Comitê de Relações Trabalhistas (CRT), em São Paulo. Outras reivindicações discutidas, como a melhoria das condições de trabalho, a redução das taxas de juros e a isenção de tarifas para funcionários e aposentados, também não trouxeram avanços, frustrando ainda mais os dirigentes da Contraf-CUT, federações e sindicatos.

O CRT é um espaço bimestral de negociação permanente, que está previsto na cláusula 31ª do acordo coletivo aditivo assinado entre as entidades sindicais e o banco espanhol.

"O Santander tem que trazer soluções para as demandas dos funcionários, sendo que muitas delas se arrastam desde a privatização do Banespa, que completou 12 anos na terça-feira (20)", afirmou o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr. "Precisamos combinar negociação com mobilização para pressionar o banco, a fim de avançar", apontou.

Emprego

Na Campanha Nacional dos Bancários 2012, a Fenaban não aceitou as propostas de emprego da categoria, remetendo o debate banco a banco. Enquanto a Caixa Econômica Federal negociou com as entidades sindicais a criação de 9 mil empregos em 2013, o Santander se negou a discutir as demandas, alegando que não é tema para banco privado.

O diretor da Contraf-CUT rebateu. "A geração de empregos não pode ficar restrita aos bancos públicos. Desafiamos os privados a estabelecer também metas de emprego. Não adianta o Santander fazer propaganda dizendo que inaugura uma agência a cada três dias, se não assume compromisso com o movimento sindical e a sociedade de abrir novos postos de trabalho e contribuir com o desenvolvimento econômico e social do Brasil", criticou.

Para o dirigente sindical, os bancos privados deveriam seguir as boas práticas de responsabilidade social do mercado e negociar também contratações. Nos últimos seis meses, entre abril e setembro, o Santander criou apenas 67 empregos, segundo levantamento do Dieese.

"Em vez de contratar trabalhadores para as novas agências, o banco remaneja pessoal de outras unidades, aumentando ainda mais a sobrecarga de trabalho, o adoecimento de funcionários e piorando o atendimento aos clientes", denunciou a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Maria Rosani.

O fim da rotatividade também foi rejeitado pelo banco. Pesquisa do Emprego Bancário, feita pela Contraf-CUT e Dieese, mostra que no primeiro semestre deste ano a remuneração média dos admitidos foi de R$ 2.708,70 e a dos desligados de R$ 4.193,22, o que significa uma redução de 35,40%. Já na economia brasileira, como um todo, a diferença é em média 7%.

"No Brasil, que representa mais de 25% do lucro mundial, o Santander usa a rotatividade para reduzir custos. Situação bem diferente ocorre da Espanha, onde mesmo com a crise não existe essa troca de trabalhadores. No Uruguai e na Argentina, também não há essa rotatividade", protestou Ademir.

PCS

As entidades sindicais também reivindicaram a criação de um PCS, apresentando a mesma reivindicação feita pela categoria na Campanha 2012 para a Fenaban que, assim como o emprego, havia sido encaminhada para negociação banco a banco. O Santander, no entanto, recusou as demandas, alegando que as propostas de PCS não são para os bancos privados e sim para os públicos.

"Por que os trabalhadores de bancos privados não podem ter um PCS com regras transparentes para ascensão profissional", questionou Ademir. "Os funcionários do Santander também merecem valorização e o PCS é um baita instrumento para fazer carreira e acabar com as distorções salariais", salientou.

Condições de trabalho

Os bancários cobraram melhores condições de trabalho. Uma demanda novamente discutida foi o fim das metas para caixas. "O banco já reconheceu em reuniões anteriores que os caixas não têm metas, nem serão avaliados pela venda de produtos e ficou de entregar cópia de orientação interna aos gestores do banco", disse Rosani.

Os representantes do Santander disseram que esse comunicado ainda está sendo elaborado, mas reiteraram que "o caixa não pode ser punido em razão de vender ou não vender". Para o banco, "os caixas devem ser avaliados pela sua função preponderante, que é o atendimento aos clientes".

Todas as propostas das entidades sindicais, como o fim das metas individuais, o fim das reuniões diárias para cobrança de metas, a proibição de abertura e prospecção de conta universitária fora da jornada e do local de trabalho, o fim do desvio de funções nas agências, envolvendo caixas, coordenadores e gerentes de atendimento e de negócios, e a proibição de cobrança de metas para estagiários e aprendizes, serão discutidas em reunião do grupo de trabalho sobre condições de trabalho, agendada para o dia 9 janeiro.

Ranking individual

Os bancários cobraram o cumprimento da cláusula 35ª da convenção coletiva, pela qual "no monitoramento de resultados, os bancos não exporão, publicamente, o ranking individual de seus empregados". Para os dirigentes sindicais, essa conquista que visa combater o assédio moral está sendo desrespeitada pelo Santander.

"Recebemos denúncias de várias agências, onde os funcionários mal avaliados são obrigados a participar de reuniões específicas, onde recebem orientações de colegas bem avaliados, a fim de que os objetivos sejam atingidos", protestou Rosani. "Há também premiações para os melhores colocados em campanhas de vendas", acrescentou. "Essa cláusula impede a exposição pública do ranking pelos gestores", alertou.

O banco disse que já fez alterações no sistema e que os gestores têm sido orientados para não expor publicamente o ranking dos funcionários. Os dirigentes sindicais reafirmaram que o assédio moral virou política de gestão, o que é inaceitável.

Redução das taxas de juros e isenção de tarifas

Os bancários voltaram a cobrar a redução das taxas de juros e a isenção das tarifas para funcionários e aposentados do banco. "Com a queda da Selic, várias linhas de crédito tiveram reduções, mas o banco continua praticando altas taxas de juros.
Fonte: Contraf/CUT

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