Campanha de entidades científicas defende vacinas e combate ‘fake news’
PACTU
Com apoio da ONU, plataforma virtual é lançada nesta quinta (21) para o envio de dúvidas da população. Site também conta com conteúdos preparados por especialistas, que podem ser compartilhados nas redes
São Paulo – Organizações ligadas à divulgação científica, entidades científicas, artistas e personalidades públicas lançam nesta quinta-feira (21) a campanha Todos pelas Vacinas. Trata-se de uma iniciativa para informar a população quanto às dúvidas em relação à imunização e combater a disseminação de notícias falsas sobre as vacinas contra a covid-19.
A mobilização conta com uma plataforma virtual e prepara diversas ações nas redes sociais por meio da hashtag #TodosPelasVacinas. São conteúdos em áudio, imagens, vídeos e textos, preparados por especialistas, para serem compartilhados. A campanha é organizada por 15 entidades científicas. Entre elas, a equipe Hale das Nações Unidas (ONU), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a União Pró-Vacina, a Rede Análise Covid-19 e o Observatório Covid-19 BR.
De acordo com a bióloga e divulgadora científica do Observatório Covid-19 BR, Flávia Ferrari, a união desses diferentes grupos partiu justamente da decisão de realizar uma campanha que pudesse “conscientizar as pessoas sobre a importância de tomar a vacina e para que elas cheguem em todos os lugares”. Assim, como destaca Flávia à jornalista Maria Teresa Cruz, do Jornal Brasil Atual, “os planos de vacinação podem ser tocados com as pessoas se vacinando de fato”.
Campanha pela verdade
Para ela, a campanha em defesa das vacinas é também uma campanha pela verdade. “Chegam muitas fake news por áudio, dizendo ‘se você toma a vacina, ela altera seu DNA’. E a gente tem lá um setor no site só para baixar áudios para desmistificar essas informações que surgem”, explica.
“As pessoas têm medo dessas tecnologias novas, o que é uma coisa normal e natural. A gente sempre se assusta, ainda mais em uma situação dessa de pandemia em que tudo aconteceu muito rápido. Só que a gente tem que lembrar que estamos vindo de pandemias sucessivas que não causaram o mesmo impacto. Mas, por exemplo, o Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio) era um coronavírus também. O coronavírus é uma família de vírus. Esse (da covid-19) é o Sars-Cov-2, porque a gente já teve o Sars. Então as pessoas vinham estudando isso, os cientistas não pararam de estudar”, observa Flávia.
Todos devem se vacinar
A divulgadora científica também desmente o boato de que uma pessoa que já foi infectada pela covid-19 – e no teste rápido confirmou que havia anticorpos para o novo coronavírus – não precisa se vacinar. A informação incorreta vem sendo replicada no WhatsApp e outras redes sociais. O próprio senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) chegou a compartilhar mensagem semelhante no Twitter, alegando que não seria imunizado, neste momento, por já ter tido covid-19 e apresentar “imunidade alta”. “Vou seguir a ciência”, completou.
Ao contrário, Flávia ressalta que a ciência indica que mesmo os que se recuperaram da doença do novo coronavírus, e têm anticorpos, devem tomar a vacina assim que o imunizante for indicado. “A ideia é, se você for chamado para se vacinar, se vacine”, afirma.
“Nesse momento são os primeiros grupos, mas depois os grupos vão sendo ampliados. A ideia é essa para gerar uma imunidade maior na população e diminuir a mortalidade principalmente. As vacinas vêm para isso, então tem que se vacinar. A gente não sabe por quanto tempo esse teste rápido de covid-19 (IgG) dura e nem quais são as cepas que ele pode pegar. Estamos vendo em Manaus, por exemplo, casos de reinfecção recorrentes”, adverte a bióloga.
A campanha #TodosPelasVacinas também desenvolve outras ações fora do portal para conscientizar a população sobre a importância da imunização até domingo (24). No site estão disponíveis ainda podcasts, e-books e uma coletânea de artes no espaço VacinArte.
Confira a entrevista
Redação: Clara Assunção – Edição: Helder Lima
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