Governo mente sobre vacinação e tenta confundir a opinião pública
PACTU
Praticamente todos os dados que tratam da situação do Brasil na pandemia do novo coronavírus são questionados, comparados, recortados ou distorcidos desde, que a doença chegou oficialmente ao país, em fevereiro de 2020. Isto acontece porque no Brasil, além de não haver uma coordenação nacional de combate à pandemia, o próprio governo federal negou a crise, realizou ações contra medidas restritivas e tentou até mesmo mascarar os números de infectados e mortos.
Em recente assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), tentou amenizar a grave situação criada por seu governo ao negligenciar a compra de vacinas. Disse que o Brasil era o 4º país do mundo no ranking da vacinação. Ele só não explicou que essa comparação considera apenas o número total de doses. Quando a comparação do total de doses aplicadas leva em conta o tamanho da população de cada país, o Brasil aparece em 78º no mundo. É um cenário completamente inverso ao de outras épocas, como na pandemia de H1N1, por exemplo, quando o Brasil imunizou quase 80 milhões de pessoas em três meses, tornando-se exemplo mundial, elogiado no ONU e na Organização Mundial da Saúde (OMS) pela agilidade e eficiência na vacinação.
Espera Angustiante
Na pandemia da covid-19, a falta de vacinas impede o país de atingir os níveis de imunização de outras décadas. A demora na aquisição dos imunizantes atrasou em pelo menos três meses o início da vacinação. Em dezembro de 2020, quando a maioria dos países iniciavam a vacinação, o Brasil registrava 197 mil mortes. Hoje já são quase 500 mil vítimas fatais da doença. Especialistas avaliam que com as medidas de proteção corretas e a vacinação, pelo menos quatro em cada cinco mortes teriam sido evitadas. No entanto, o país tem recebido uma quantidade muito pequena de imunizantes, o que torna a vacinação lenta, aumenta a angústia entre a população e mantém, há várias semanas, uma média de 2 mil mortes diárias.
CPI Já Tem Provas
A CPI da Covid-19, no Senado, ao menos tem servido para jogar luz sobre a estratégia macabra do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia. A esta altura das investigações, já está claro que o governo não pecou por ineficiência, mas por negacionismo e negligência. Para a CPI, Bolsonaro e o seu “gabinete das sombras”, assim chamado pelos senadores, apostou na cloroquina e na imunidade de rebanho, duas estratégias condenadas pela ciência, em detrimento da compra de vacinas.
As negativas de Bolsonaro estão materializadas em vasta documentação. Um dossiê entregue à CPI pela Pfizer prova que ainda em agosto do ano passado o Brasil poderia ter comprado 100 milhões de doses da vacina. O fabricante fez mais de vinte contatos com o governo brasileiro, sem respostas. Além disso, Bolsonaro, seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, e o ex-chanceler Ernesto Araújo criaram frequentes problemas diplomáticos com a China, atrasando a vinda de imunizantes da Coronavac.
Tal qual o discurso surreal e ridículo de Bolsonaro na ONU, vários depoimentos prestados à CPI por aliados do governo estão repletos de mentiras e falsas informações, o que comprova uma tentativa de blindagem do presidente. Essa atitude criminosa comprova o grau de irresponsabilidade em relação à pandemia nas entranhas do governo federal.
Deixar comentário