Aumento do IOF reduz chances de recuperação da economia, alerta Dieese
PACTU
Para contornar o teto de gastos, governo aumenta imposto sobre transações financeiras, encarecendo o crédito para pessoas físicas e empresas
São Paulo – Começou a valer nesta segunda-feira (20) o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro publicou um decreto elevando o tributo e, para pessoas físicas, a alíquota subiu de 3% para 4,08%. Para as empresas, passou de 1,5% para 2,04%. Com a medida, que deve valer até o final do ano, o governo espera arrecadar R$ 2,14 bilhões a mais. A justificativa é que esse montante será aplicado para custar o Auxílio Brasil, nova versão do programa Bolsa Família.
De acordo com o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, o aumento do IOF encarece o crédito e, consequentemente, jogando um “balde de água fria” nas perspectivas já frágeis de recuperação da economia.
“Estamos vendo uma recuperação gradativa, muito aquém do esperado. E para que haja essa recuperação, é preciso ter crédito. Mas o crédito está cada vez mais caro, tanto pelos sucessivos aumentos na taxa básica de juros (a Selic), como, agora, com o aumento do IOF”, disse Fausto em entrevista a Glauco Faria, para o Jornal Brasil Atual.
Teto
O diretor do Dieese afirma que o aumento do IOF é uma tentativa de contornar o teto de gastos, que congelou os investimentos sociais. Mas não há qualquer garantia de que esses recursos serão aplicados efetivamente com o programa social que nem sequer foi anunciado. Além disso, destaca que a elevação paulatina da Selic ao longo do ano também acaba consumindo parcela importante da arrecadação do governo federal.
“O teto de gastos é a principal discussão que o Brasil precisa trilhar. Há uma pressão do mercado pela sua manutenção, mas esse teto é inviável. Já está paralisando boa parte dos investimentos, não apenas sociais, mas também aqueles que poderiam puxar o desenvolvimento econômico. As atividades econômicas foram praticamente paralisadas em função da pandemia, e precisam ser retomadas. No entanto, não temos os mecanismos de arranque para que a economia volte a patamares anteriores”, afirmou.
Assista à entrevista
Redação: Tiago Pereira
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