É preciso uma nova etapa internacionalista sindical, afirma Rafael Freire
PACTU
“Os sindicatos de macrossetores, os sindicatos mais amplos e a unificação sindical são tarefas centrais no nosso sindicalismo na América”, afirmou o Secretário-Geral da CSA
Escrito por Érica Aragão e Marize Muniz
No terceiro dia da 16ª Plenária Nacional da CUT - “Organização e Unidade para Lutar” -, nesta sexta-feira (22), que reúne 950 dirigentes sindicais de todo país, o debate foi sobre as estratégias gerais da maior central sindical brasileira.
Em sua participação, o Secretário-Geral da Confederação Sindical dos Trabalhadores e das Trabalhadoras das Américas (CSA), Rafael Freire, afirmou que a entidade defende uma nova etapa do internacionalismo sindical “porque não dá para responder o momento com a mesma lógica de antes”.
Segundo ele, só com unidade internacional é possível trabalhar os temas ‘democracia’ e ‘sindicalismo sociopolítico’ para a construção de um novo contrato social, um novo modelo econômico social, político e ambiental.
“Para isso, é preciso fortalecer o movimento sindical nas Américas e, depois, ir para o mundo unificado e preparado”, acrescentou.
Neoliberalismo se enfrenta com um modelo alternativo
Assim como o ex-mnistro das Relações Internacionais, Celso Amorim, em sua participação na 16ª Pleneária da CUT Nacional, nesta quinta-feira (21), o sindicalista relembrou a crise de 2008, iniciada nos EUA, e disse que, desde aquela época, falava-se que a classe trabalhadora teria uma oportunidade para saída da crise neoliberal, mas o que ocorreu foi mais neoliberalismo com ataques à democracia, golpe de estado e lawfare*, como no caso do ex-presidente Lula, da atual vice-presidente da Argentina, Cristina Fernández, e do presidente do Equador, Rafael Correa, entre outros dirigentes políticos das Américas.
*Como expicaram, em 2016, os advogados de defesa do ex-presidente Lula, lawfare é o uso perverso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política, com táticas e características específicas.
De acordo com Rafael Freire, que falou em nome das 49 centrais sindicais filiadas à CSA, que representam 55 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, a atual fase neoliberal tem muitas características parecidas com o fascismo e o neofascismo, sobretudo nos ataques contra as conquistas civilizatórias.
“A onda neoliberal vem acompanhada de uma onda ultraconservadora com ataque aos direitos sexuais e reprodutivos, homofóbicos, racistas, assassinatos da população jovem e negra, ou seja, a resposta à crise foi com mais crise”, disse o secretário-geral da CSA.
É preciso construir um modelo alternativo para sair desta onda ultraconservadora no mundo, na América Latina e no Brasil, disse ele, complementando: “Ou o movimento sindical atualiza sua estratégia ou ficaremos mais isolados ainda nas sociedades”.
O trabalho como eixo central
Para o secretário-geral da CSA, três elementos são essenciais na estratégia da classe trabalhadora: 1) defesa da democracia; 2) bem-estar social; 3) um modelo político, social, econômico e ambiental onde o trabalho esteja no centro.
"A pandemia nos mostrou ainda mais a importância do trabalho e do Estado e não podemos aceitar barato o que estão fazendo nas relações trabalhistas no Brasil e na América Latina." - Rafael Freire
É fundamental, disse ele, colocar a defesa do trabalho no centro do modelo econômico como forma de se opor ao modelo atual e construir alternativas para eleger Lula como presidente.
Bem estar social
Sobre a defesa do bem-estar social, Rafael explicou que “é a defesa de um sindicalismo sociopolítico”, o que significa “estar junto nas principais lutas do povo, constituir alianças sociais importantes e com outros movimentos, compreender que independência sindical não é indiferença”.
Mais sindicalizados e menos sindicatos
Sobre o terceiro elemento essencial na estratégia da classe trabalhadora, o fortalecimento e a transformação sindical, Rafael falou que é preciso ter menos sindicatos e mais trabalhadores sindicalizados. Ele criticou a estratégia de criar sindicatos. Disse que isso pulveriza cada vez mais.
Ele defende que é necessário adaptar os aparelhos sindicais à realidade das categorias profissionais e representar um número maior de trabalhadores, tanto os formais, quanto os informais, como os motoristas de aplicativos. “Os sindicatos de macrossetores, os sindicatos mais amplos e a unificação sindical são tarefas centrais no nosso sindicato na América”, afirmou.
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