Filme ‘Não olhe para cima’ merece ser assistido

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Filme ‘Não olhe para cima’ merece ser assistido

Produção original da Netflix tem dado o que falar por criticar a ignorância da sociedade atual de uma maneira simples de compreender

Final de semana chegou, mas o número de casos de Covid-19 explodiu no Brasil. Com isso, o conselho que damos volta a ser #FiqueEmCasa. Mas, agora faremos melhor. Para aproveitar esse tempinho de reclusão, indicamos uma ótima opção de lazer. “Não Olhe para Cima”, novo filme de Adam McKay, estreou no final de dezembro, como produção original Netflix, e tem feito muito sucesso.

Apesar de dividir opiniões entre público e crítica, o longa com um elenco de peso é um assunto recorrente nas redes sociais por tratar de um tema muito atual: o negacionismo. O enredo trata de dois astrônomos medíocres que descobrem que, em poucos meses, um meteorito destruirá o planeta Terra. A partir desse momento, eles devem alertar a humanidade por meio da imprensa sobre o perigo que se aproxima. Muitos desencontros e informações equivocadas surgem a partir desse ponto de partida.

Gostando ou não, fato é que o longa é um dos mais vistos da atualidade e rende boas discussões sobre a importância da ciência e de tomadas de decisões rápidas pelo bem-estar da humanidade.

A produção de Adam McKay é simples, direta e de fácil compreensão, não são necessários vídeos explicativos após assistir o longa. “Não Olhe para Cima” uniu a facilidade da compreensão com o alto alcance da plataforma que é a Netflix, o que auxilia ambas as partes. Se o filme será lembrado na corrida pelo Oscar, ainda é difícil saber, mas que é um filme divertido e incômodo em diversos pontos, e que conversa diretamente com as novas gerações, isto é um fato.

A principal crítica do longa é sobre como as pessoas são capazes de questionar os cientistas que apresentam fatos comprovando algo como, por exemplo, a queda de um meteoro na Terra. Algo muito parecido com o que estamos passando atualmente com os questionamentos em relação à eficácia da vacina. A partir daí, tudo vira uma bola de neve. Quem quer lucrar com o meteoro? Em quem as pessoas devem confiar? Tudo começa a se polarizar.

Não é muito diferente do que vivemos no dia a dia, principalmente em relação a questões divisórias como governo, pandemia e até mesmo temas mais simples como o futebol. A partir do momento que alguém com poder decide algo, teremos pessoas contra e a favor. E é interessante a forma como Adam McKay explora as redes sociais neste quesito. No momento em que surge o movimento “a favor” do meteoro, ele é representado nas redes majoritariamente por homens, de boné, óculos escuros e barba por fazer, em sua maioria brancos. Não muito diferente do que estamos acostumados a ver.

Esse movimento, inclusive, surge a partir do momento em que o governo decide mudar os planos de destruição do meteoro. Influenciado diretamente por um magnata que fala em um ritmo incômodo e tem planos descolados da realidade. É aí que entra a crítica a Elon Musk. Você pode gostar de Musk, mas o retrato que o filme traz sobre as “ideias geniais” que o empresário tem é bem interessante.

O principal deles, além de focar no lucro, é a corrida espacial. Muito se questiona quais as intenções de magnatas como Jeff Bezos e Elon Musk terem tanta intenção de sair do planeta com sucesso. E o filme aborda essa questão com maestria. E citei apenas Musk como o escolhido por McKay pois é clara a relação do personagem do filme com a personalidade do fundador da Tesla. Mas vou parar por aqui para não trazer muitos spoilers sobre o longa.

A participação de Ariana Grande no longa é outra forma que Adam McKay encontrou de criticar as prioridades da mídia e das pessoas nas redes sociais. A personagem Riley Bina, interpretada pela cantora, não passa de uma caricata representação de uma artista rasa que é politicamente ativa, mas não tem tanto conhecimento da causa. Em determinado momento, a atitude da cantora gera muito mais engajamento do que a notícia sobre o meteoro, mostrando onde estava a prioridade das pessoas.

Trilha de peso

A trilha do filme conta com uma música inédita chamada “Just Look Up”, gravada nas vozes de Ariana Grande e Kid Cudi, que foi indicada ao prêmio Hollywood Music In Media Awards. Aliás, “Não Olhe Para Cima” já foi indicado em quatro categorias do Globo de Ouro 2022, incluindo Melhor Filme de Comédia ou Musical e Melhor Roteiro.

Cachê milionário

O elenco tem cinco atores vencedores de Oscar. Jennifer Lawrence, uma das protagonistas, recebeu cachê de US$ 25 milhões para atuar na produção. O orçamento do filme foi de US$ 75 milhões. Nada mal.

Assista até o fim

O filme tem duas sequências pós-créditos que acontecem após o desfecho. Uma delas acontece no meio dos créditos, e a outra aparece ao final. Não durma e assista até o fim, pois vale a pena.

A escolha do nome

O nome “Não Olhe Para Cima”, se refere a uma campanha fictícia lançada pelo governo dos EUA, em contraposição à campanha Olhe para cima, para falar do meteoro. Alguns internautas apontaram a nome como uma crítica ao negacionismo, que pode ser comparada à parcela da população que acredita na eficiência de métodos não comprovados cientificamente no combate à Covid-19 e as fake news.

Vale a pena ver de novo?

No filme, a atriz Meryl Streep interpreta o papel da presidente dos EUA. Sua personalidade é uma mistura de diversos chefes americanos de Estado, entre eles o ex-presidente Donald Trump.

Fonte: Contraf-CUT

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