Reformas de Temer e Bolsonaro: salário reduzido e informalidade afetam trabalhadores e a sociedade
PACTU
(*) Joel Guedes
A equipe econômica do governo Jair Bolsonaro (PL) tem apontado a estabilidade nos índices de desemprego no país, hoje entre 11% e 12% da população economicamente ativa, como um fator positivo numa suposta recuperação da economia. No entanto, de acordo com os resultados de uma série histórica de pesquisas iniciadas em 2012 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o momento atual é o pior para a classe trabalhadora, desde o início do levantamento.
O IBGE aponta que a renda média dos trabalhadores encolheu 10,7% em 2021 e o desemprego ainda atinge 12 milhões de brasileiros e brasileiras. Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, jogam a culpa na pandemia e nas ações preventivas determinadas por governadores e prefeitos que, segundo eles, paralisaram a economia. Essa jogada pode até agradar os simpatizantes do governo, mas não engana os economistas.
Em 2017, quando Michel Temer (MDB) propôs a Reforma Trabalhista que flexibilizou uma série de direitos dos trabalhadores, o movimento sindical alertou que as mudanças levariam ao empobrecimento da população, com consequências graves no sistema previdenciário e prejuízos para toda a sociedade. Porém, no governo Bolsonaro a destruição de direitos trabalhistas continuou e foi ampliada, com pacotes de mais medidas dramáticas que levaram o país ao retrocesso em vários sentidos.
Hoje os números demonstram que o alerta estava correto. O IBGE apurou que a taxa de informalidade subiu para 40% no final de 2021. Isso significa 38,9 milhões de pessoas atuando na informalidade. Se esse percentual continuar crescendo, como é a previsão dos especialistas para 2022, o sistema previdenciário corre o risco de entrar em colapso, sem ter dinheiro para pagar aposentados. E somam-se ainda, outros 25,9 milhões de brasileiros que trabalham por conta própria, 7,5 milhões na condição de subocupados e 5,3 milhões de desalentados, ou seja, que já desistiram de procurar um emprego.
Bolsonaro e Guedes são desmentidos a todo momento, seja pela realidade brutal de milhões de brasileiros que mal conseguem se alimentar e outro tanto já na miséria absoluta, ou pela constatação, até mesmo entre seus apoiadores, de que o governo não sabe resolver o problema e tenta enganar os mais humildes com ações sociais passageiras e eleitoreiras.
(*) Joel Guedes é jornalista e editor do Jornal Pactu
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